Olhos na Escuridão
O estômago de Peter caiu ao sentir a realidade pesar sobre ele. As formas não eram animais que ele reconhecesse—eram outra coisa. Selvagens, afiadas, mas estranhamente coordenadas. Seus olhos refletiam a luz da lanterna como fogo líquido, imóveis, observando cada movimento seu. O farfalhar se transformou em um coro de arranhões e estalos, ecoando contra as paredes de pedra.
Cada som parecia carregar uma intenção, um ritmo que ele não conseguia decifrar, mas temia instintivamente. Seus dedos se apertaram em volta da lanterna, os nós dos dedos empalidecendo. As sombras se moviam, aproximando-se lentamente, de maneira deliberada, como se o testassem. Peter percebeu com um arrepio que o poço não era apenas uma armadilha de pedra e escuridão—ele estava vivo, e vinha esperando por ele.